O Nacionalismo Musical deu-se na segunda metade do século XIX, Na Rússia, nos Países de Leste, Inglaterra, Espanha, etc, onde o domínio da música alemã era visto como uma ameaça á criatividade musical de cada nação. É marcado pelo ênfase dado a elementos nacionais da música, como canções tradicionais, danças e ritmos tradicionais.
Este movimento inicia-se na Rússia com um importante movimento de renovação nas artes, essencialmente na literatura com Puskim, Leon, Tolstoi, Dotoievsky e Tchekov. O primeiro compositor russo reconhecido internacionalmente foi Mikhail Glinka. Estando em Espanha dois anos (1846/48) percebeu que entre os dois países existem inúmeras diferenças culturais decidindo transmiti-lo na música erudita, firmando assim a sua reputação com a ópera patriótica "Uma Vida pelo Czar" (1836), que mostra já uma escrita melódica com um carácter marcadamente russo. É deste modo o pai da escola russa. Da sua obra destaca-se também a ópera "Ruslan e Ludmila" (1842).
A ópera "Russalka" (1856) de Dargomizhsky prosseguiu com a preocupação com a prosódia russa, o que se fez em parte recorrendo aos modelos da música popular, influenciando mais tarde Mussorgsky.
Deste modo, Glinka e Dargomizhsky defenderam uma fusão entre a música popular e a música erudita.
No entanto, os compositores russos mais importantes reuniram-se no final do século XIX num grupo conhecido como o "Grupo dos Cinco". São eles: Balakirev, Cui, Borodine, Mussorsky, Rimsky-Korsakov.
Nenhum destes homens, à excepção de Balakirev receberam formação musical sistemática, por isso, a falta de conhecimento da teoria musical obrigou-os a recorrerem a material popular como o folclore. Estes compositores são importantes na fundação de novas estruturas musicais, criando uma escola russa com o objetivo de disseminar o pensamento nacionalista.
Balakirev, o mais profissional do Grupo dos Cinco, usou de forma muito conseguida melodias populares no poema sinfónico "Rússia" (1887). Cesar Cui é de todos o compositor menos importante destacando-se essencialmente como critico musical onde defendia a estética nacionalista. Borodine, deixou que Balakirev o convertesse à causa nacionalista. As suas obras mais importantes são o poema sinfónico "Nas Estepes da Ásia Central" (1882) e a ópera "Principe Igor" (1890). Raramente citava melodias populares, mas o espírito do folclore impregnava as suas melodias.
Modest Mussorsgky, o maior compositor do grupo dos cinco recebeu de Balakirev a maior parte da sua formação musical. Defende a verdade artistica (a música não tem de ser bela) e a preocupação com a prosódia russa (continua o trabalho de Dargomizhsky). Outra característica da música de Mussorgsky é o seu caracter modal influenciando compositores da música modernista. Destaca-se o seu poema sinfónico "Uma Noite no Monte Calvo" (1867) e a ópera "Boris Godunov" (1874), entre outros.
O último membro do grupo, Rimsky-Korsakov, faz a ligação entre esta geração e os compositores russos do século XX. Foi professor de composição no Conservatório de Sampetersburgo destacando-se o seu tratado de orquestração datado de 1908, exerceu também alguma actividade como maestro. Da sua obra destaca-se a Suite Sinfónica "Sheherazade" (1888), abertura "A Páscoa Russa" (1888) e a ópera "O Galo de Ouro" (1909).
Smetana e Dvorak foram os principais compositores checos do século XIX. A Boémia fora durante séculos um dos territórios da coroa austríaca. A sua música caracteriza-se pelos vestígios ocasionais de melodias, ritmos e danças populares como o "dumka", "furiant" e as "polkas". Os traços nacionais manifestam-se de forma mais evidente em obras como a ópera "A Noiva Vendida" (1866) de Smetana e nas "Danças Eslavas" de Dvorak. Porém, o compositor checo com tendências exclusivamente nacionalistas foi Janacek, que ouvia e recolhia a música popular do seu país e daí introduzia esses elementos na sua música. Faz a transição para o neo-folclorismo. Destaca-se a sua ópera "Jenufa" (1903), "Missa Glagolítica" e a "Sinfonietta" ambas de (1926).
Na Noruega o nacionalismo é representado por Grieg, cuja obra de destaque são as suas duas suites "Peer Gynt" (1875 e 1886) baseadas em temáticas norueguesas.
Na Dinamarca destacou-se Carl Nielson com "Hino à Dinamarca" (1917) e na Finlândia, Sibelius. Este, não recorre ao folclore sendo a modalidade um factor fundamental na sua música. A partir de 1910 abandona a exploração nacionalista. Destaca-se o poema sinfónico "Finlândia" (1899) e as "6 Canções Folclóricas Finlandesas" (1903).
Na Inglaterra o nacionalismo chegou mais tarde. Elgar foi o primeiro compositor após Purcell no século XVII a ser internacionalmente reconhecido. Da sua obra destaca-se as "Variações Enigma" (1899). O renascimento musical inglês inaugurado por Elgar adquiriu cariz nacionalista com Cecil Sharp e Waghan Williams no século XX.
Em Espanha, a característica do seu nacionalismo é a definição da guitarra como um instrumento nacional e o renascimento das zarzuelas que vão estar em voga no século XIX.
Filipe Pedrell inaugura o nacionalismo espanhol para o qual contribuiram as obras de Isaac Albéniz com a sua suite "Ibéria" (1909), Granados, Tarrega e Turina que se destacam essencialmente na produção para guitarra. Destacam-se também as "Goyescas" (1911) de Granados e a "Sinfonia Sevilhana" (1920) de Turina. Mais tarde no neo-folclorismo destacar-se-á também Joaquin Rodrigo.
Também em Portugal o nacionalismo musical se fez sentir. Com Alfredo Keil, autor do hino "A Portuguesa" e Augusto Machado com a ópera "A Triste Viuvinha". Mas, principalmente, com a influância de Viana da Mota e Freitas Branco que introduzem o modernismo em Portugal. Viana da Mota através de Liszt introduz o pós-romantismo alemão e Freitas Branco que estudou em França introduz o impressionismo na música portuguesa.
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